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Profissionais de Araguaína esclarecem dúvidas sobre o CAU
30 de julho de 2015 |
Encontro faz parte das ações do CAU em Movimento
Esclarecimento de dúvidas sobre o Conselho de Arquitetura e Urbanismo e discussões sobre o exercício da profissão, foram estes os resultados de encontro da equipe do CAU/TO com profissionais de Araguaína nesta quarta-feira, 29. Na ocasião também foi apresentado o aplicativo MobiArq Protagonista.
Coordenaram o evento, que faz parte das ações do projeto CAU em Movimento, o gerente Técnico do CAU/TO, Matozalém Santana, e a Analista de Fiscalização, Gabriella Paes Agostini, ocasião em que apresentaram as principais ações do Conselho e esclareceram dúvidas sobre o Sistema de Informação e Comunicação do CAU- SICCAU e a Resolução 51.
Dentre os assuntos debatidos estavam o exercício da profissão em Araguaína, quais os problemas enfrentados, principalmente junto aos órgãos públicos, bem como mercado atual e possibilidade de expansão para outros municípios da região.
“Esta reunião é uma forma de aproximação do CAU/TO com os profissionais de Araguaína, para ouvirmos as demandas e buscarmos respostas” ressaltou Santana.
Presente no encontro, o arquiteto Djalma Dutra afirmou que foi um momento de esclarecimentos, “entendi melhor o que é o CAU, a assistência que ele nos proporciona, sobretudo a Resolução 51, que veio para nos valorizar”, disse.
MobiArq
O encontro contou ainda com a apresentação do aplicativo MobiArq Protagonista, que permite, aos profissionais, denunciarem ao CAU obras com possíveis irregularidades. O MobiArq está disponível na Google Play para celulares com sistema operacional android e IOS.
Fiscalização
Em Araguaína a equipe do CAU realizou também fiscalização orientativa em cerca de 30 obras e empreendimentos da cidade. Foram verificadas questões como placas de identificação da obra e se havia arquiteto responsável pelos projetos.
Na tarde desta quinta-feira, 30, a equipe participará de reunião com gestores públicos do município. A proposta é tomar conhecimento sobre as questões ligadas à Arquitetura e Urbanismo, como análise de projetos , fiscalização, plano diretor, dentre outros.
Curso Tabela de Honorários da Arquitetura é bem Avaliado por Participantes.
27 de março de 2015 |
Evento foi promovido pelo CAU/TO, em parceria com o IAB/TO.
Com mais de 80 participantes, o curso Tabela de Honorários da Arquitetura promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins – CAU/TO em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB/TO, foi bem avaliado pelos profissionais que compareceram ao evento, realizado nesta quinta, 26, em Palmas.
Na ocasião a presidente do CAU/TO, Joseísa Furtado lembrou que a Tabela de Honorários da Arquitetura é uma ferramenta que tem como um dos objetivos a valorização do profissional, para que este possa utilizar parâmetros justos para o cálculo de seu trabalho e que seu uso deve ser inserido gradualmente na vida do profissional. “Este é um momento de conscientização, de entendermos e colocarmos a Tabela em prática, a valorização da nossa profissão tem que partir da gente”, disse.
No Curso, ministrado pelo arquiteto Odilo Almeida, um dos idealizadores da Tabela, os profissionais tiveram a oportunidade de verificar na prática como funciona o software desenvolvido pelo CAU/BR e tirar dúvidas sobre as funcionalidades da tabela, sistemas e complexidades de cálculo de projetos.
“O instrutor é a pessoa que mais entende da Tabela, as informações são de extrema utilidade. Com a Tabela a gente tem um parâmetro, a iniciativa do CAU/TO e IAB/TO trazerem esse curso é louvável, com o CAU a gente vê uma diferênça positiva no tratamento disponilizado ao profissional”, afirmou o arquiteto Ariosvandre Tavares.
A arquiteta Rose Reis também conseiderou a realização do curso como um diferencial para os profissionais. “Eu me formei em 2006, e vejo um diferencial com o CAU/TO em se preocupar com a valorização do profissional. Hoje eu consegui tirar minhas todas as dúvidas que tinha sobre a tabela”, ressaltou.
Tabela de Honorários
Disponível para computador, tablet ou celular, o software da Tabela de Honorários da Arquitetura reúne 240 atividades de arquitetura e urbanismo. O objetivo da Tabela é resgatar o valor do trabalho profissional, esclarecendo para a sociedade a complexidade das atividades envolvidas na elaboração e execução de projeto.
Alimentos
O Curso foi ofertado gratuitamente aos profissionais, sendo solicitado apenas a doação de 02 kg de alimentos que serão doados ao projeto Mesa Brasil. A doação será realizada na segunda-feira, 30, às 14h na sede do CAU/TO.
Novos Conselheiros do CAU/TO são Diplomados
15 de dezembro de 2014 |
Evento também homenageou Conselheiros e Funcionários pioneiros do CAU/TO
Os novos conselheiros do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins já estão diplomados. A Cerimônia de Diplomação aconteceu na sexta-feira,12, quando também foi realizado o encerramento da gestão fundadora do CAU/TO e homenagem aos primeiros Conselheiros e funcionários.
Na ocasião, o Presidente do CAU/TO, Lucas Dantas, agradeceu a confiança a ele depositada para ser o Presidente da gestão fundadora do Conselho, e consequentemente responsável pela Implantação e Consolidação da Instituição no Tocantins, e ressaltou as principais ações realizadas no período de sua administração, de 2012 a 2014.
“Foi uma honra ter a oportunidade de desempenhar nessa primeira gestão do CAU/TO a outra faceta da profissão do Arquiteto e Urbanista, que é a de responsável pela construção. Construir um objeto único, como um conselho profissional é uma situação ímpar, rara. Agradeço a oportunidade e confiança que os arquitetos do Tocantins e os Conselheiros fundadores me depositaram. Ainda há muito a ser construído no CAU e pela valorização da profissão do Arquiteto e Urbanista, entretanto, essa primeira gestão se incumbiu de construir uma base forte, estruturada, ética e responsável para alicerçar os próximos mandatos”, frisou.
O evento contou ainda com homenagens aos Conselheiros da atual gestão e aos primeiros servidores do CAU/TO, responsáveis diretamente por todas as conquistas do Conselho nesse período.
Gestão Fundadora
Iniciada em janeiro de 2012, a Gestão Fundadora do CAU/TO teve á frente o Arquiteto e Urbanista, Lucas Dantas, que como presidente da 1ª Gestão do Conselho teve o desafio de implantar e consolidar a Instituição no Tocantins.
Dentre as principais ações do CAU nesse período estão à participação no Comitê em Defesa da Cidade e Contra a Expansão Urbana, que atuou efetivamente contra o Projeto de Expansão Urbana de Palmas; atuação contra a Revisão da Planta de Valores Genéricos da Prefeitura de Palmas, que definiu o valor venal de imóveis da Capital, sem critérios técnicos, e aumentando consequentemente o valor do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU); atuação direta no processo de revisão do Código de Obras e Edificações de Palmas.
O presidente Lucas Dantas ressalta ainda a articulação para a implantação em parceria com o Instituto de Preservação do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), da Lei de Assistência Técnica em Natividade, a realização de palestras e atividades junto às Universidades que oferecem cursos de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins, e visitas técnicas a municípios do interior, como Gurupi.
A Implantação e Consolidação do CAU/TO, com aquisição de mobiliário, equipamentos e realização de concurso público, também são reforçadas por Dantas. “Nós começamos do zero, e hoje temos uma equipe técnica e uma estrutura que oferece um atendimento de qualidade aos profissionais de arquitetura e urbanismo do Tocantins”, disse.
Entre as últimas ações para a consolidação do Conselho está a aquisição de 02 veículos que darão suporte aos trabalhos realizados pela Equipe. Além disso, a atual gestão deixará recursos em caixa, no valor de aproximadamente R$ 450 mil, que deverão ser utilizados na aquisição da sede própria do Conselho.
Nova Gestão
Eleita no dia 05 de novembro para o triênio 2015/2017, a nova gestão do CAU/TO diplomada na sexta-feira, é composta por 05 integrantes da chapa +Arquitetura, sendo eles os arquitetos e urbanistas: Luis Hildebrando Paz, Joseísa Martins Furtado, Nourival Batista, Carlos Eduardo Cavalheiro, Giovani Alessandro Martins Silva, e 01 integrante da chapa Arquitetura e Coesão, Adriana Dias.
Carta de Palmas expõe reflexões do 14º Fórum de Presidentes dos CAU´s
3 de junho de 2014 |
A Carta de P almas traz reflexões sobre a política de desenvolvimento urbano das cidades brasileiras, e é resultado das discussões ocorridas durante 14º Fórum de Presidentes dos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estado, que aconteceu nos dias 19 e 20 de maio, em Palmas.
CARTA DE PALMAS
Reunidos na cidade de Palmas nos dias 19 e 20 de maio, exatamente quando esta cidade completou 25 anos de vida, os presidentes dos Conselhos Estaduais de Arquitetura e Urbanismo reafirmaram princípios importantes em relação às nossas cidades, seu desenvolvimento socialmente includente, tecnicamente eficaz e esteticamente arrojado, coisas que estão intimamente relacionados às instituições e políticas urbanas e territoriais.
Confira na íntegra:
Presidentes conheceram realidade urbana de Palmas em 1º dia de Fórum
20 de maio de 2014 |
Os presidentes dos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo do País, reunidos em Palmas-TO no 14º Fórum de Presidentes dos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo, conheceram um pouco da realidade urbana da Capital mais nova do País neste 1º Dia do Evento. As palestras realizadas no evento foram escolhidas em razão do aniversário de Palmas.
O presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Palmas (IMPUP) o arquiteto e urbanista Luiz Masaru realizou a palestra de abertura do Fórum, quando discorreu sobre o Plano Estratégico para o Planejamento Urbano de Palmas.
A implantação das rotatórias foi um das questões positivas no planejamento urbano de Palmas, segundo Masaru as rotatórias são a ferramenta ideal para ordenar o fluxo do trânsito na Capital em razão do seu planejamento urbanístico. O Urbanista apontou ainda que as áreas das rotatórias são reservas ideais para alguns equipamentos como heliportos para utilização em resgates, reservatório das águas pluviais, dentre outros, além do próprio paisagismo.
“Quando cheguei aqui uma das primeiras perguntas que me faziam era quanto vão tirar as rotatórias, mas ao contrário, a implantação delas foi muito acertada”, frisou.
A localização geográfica da Capital é outro fator positivo e estratégico para Masaru, uma vez que a cidade está no centro do País e da América do Sul, lhe dando uma excelente condição logística.
Para o desenvolvimento urbano, o Urbanista aponta alguma a implantação do sistema de transporte multimodal como determinante, já que deve funcionar como meio de integração entre as regiões Norte e Sul, potencializador da oferta de bens e serviços, e promotor do adensamento dos vazios urbanos.
Sobre o adensamento o Urbanista afirma que não deve se limitar a infraestrutura estabelecida no Plano Diretor Original, mas também a busca de um novo desenho como forma de potencializar os serviços públicos de forma adequada à infraestrutura existente.
“A partir desta premissa a utilização dos instrumentos previstos no Estatuto das Cidades é fundamental para o futuro desenvolvimento de Palmas”, afirmou.
Do Plano ao Projeto
Já um pouco do contexto histórico e político que resultaram na implantação da última capital planejada do País foi apresentada no encerramento do 1º dia do Fórum pela professora da Universidade Federal do Tocantins, arquiteta e urbanista, mestre em Desenvolvimento Regional, Sarah Rodovalho, que apresentou a palestra: “Palmas, do projeto ao plano: o papel do planejamento urbano na produção do espaço“.
“Não tem como desvincular a cidade de seu contexto, econômico, político, histórico”, afirma Sarah, ao explicar que o planejamento e gestão urbana, bem como e as articulações políticas, no período inicial da formação e ocupação de Palmas, como determinantes para a realidade urbana atual, por terem influenciado na não regulamentação das diretrizes de ocupação contidas no Projeto Urbanístico de 1989, e a aplicação arbitrária da lei, que permitiu a produção de um espaço semelhante a de outras grandes e médias cidades capitalistas modernas brasileiras.
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Entrevista com Luiz Masaru Hayakawa – Presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano de Palmas
15 de outubro de 2013 |
A qualidade de vida em uma cidade depende muito mais da sua população, do que dos órgãos de planejamento, uma vez que é preciso haver uma apropriação da cidade por parte de seus habitantes. Esta é uma das posições do Arquiteto e Urbanista Luiz Masaru Hayakawa, presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano de Palmas – Impup.
Para Masaru, Palmas possui condições para ser uma das melhores cidades do mundo, e se situar no topo no que se refere ao transporte, acessibilidade e mobilidade, desde que “se faça a parte do homem”. O presidente comentou também que as universidades que o urbanismo ainda é pouco aprofundado nas Universidades.
Natural de Maringá-PR, Luiz Masaru é graduado em Arquitetura pela Universidade Federal do Paraná. Profissionalmente segue a escola do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, com quem iniciou na carreira profissional. Também atuou no IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) chegando a Supervisor de Planejamento. Em 1990 assumiu a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de Curitiba. Masaru foi o 18º presidente do IPPUC no ano de 1999.
Confira a entrevista na íntegra:
Entre Palmas e Curitiba, quais as comparações?
Curitiba, por não ter uma paisagem natural, tivermos que criar na paisagem urbana. A diferença de Palmas, é que Curitiba não tem nada de atração natural. Aqui tem tudo isso, serra, cachoeiras e tem esse lago que é uma praia. Agora se a gente colocar a parte que depende do homem, como Curitiba fez, Palmas vai ser a melhor cidade do mundo. Se colocarmos no Planejamento de Palmas, todos os avanços do urbanismo, somadas a todas as condições naturais, aí, realmente eu acho que Palmas terá todas as condições para sobrepujar outras cidades.
Sobre a parte do homem que já foi feita, quais são os avanços e desafios de Palmas em relação ao urbanismo?
Às vezes essa questão dos problemas urbanos não depende de quem planeja, depende do cidadão, do comprometimento de quem vem morar aqui. Evidentemente que em uma cidade nova, as pessoas não são daqui, e trazem consigo os vícios de onde moravam.
As pessoas são acostumadas com a cultura de sua cidade, trazem seus costumes. Elas tem que mudar se adaptar a cultura local, o que é muito difícil, porque não se muda costumes de uma hora para a outra, depende muito mais das pessoas mudarem, do que do urbanismo, é um aspecto cultural. Por isso que eu acredito muito nas crianças e jovens, vale a pena investir mais nas escolas, porque acho que as crianças podem inverter isso, a própria cultura dos espaço urbanos de cuidar da cidade e levar isso para a família.
A população de Palmas já se apropriou dos espaços urbanos da cidade?
Eu acho que ainda não, falta bastante, a cidade está crescendo, é muito espalhada, com baixo adensamento, tem locais com a ocupação muito distinta de outro, não há uma sintonia com o cidadão, não há compartilhamento. O cidadão muitas vezes não se sente um palmense, ele é alguém que vem de fora.
Talvez ainda falte aquele sentimento que a gente chama de sentimento de pertinência, de pertencimento, de ter aquele orgulho de ser, de adotar essa cidade. A pessoa pensar eu sou dessa cidade, eu quero está junto para construir essa cidade, isso é que deve ser apropriado. Muitas vezes a gente ver que falta isso, a pessoa enxerga as oportunidades, mas não vê a cidade como dela.
A população de Palmas reclama bastante do trânsito, das rotatórias. Isto é um problema?
Acontece que a configuração do planejamento de Palmas é diferente de outas cidades. Palmas têm muitos vazios urbanos, uma população menor, e tem um trânsito mais complicado. Mas aqui a configuração da malha viária urbana é bem diferente, eu não posso dizer que aqui, se eu tirar a rotatória, vai ser melhor, pelo contrário.
Lá em Curitiba, lá em Goiânia, as quadras são menores, então os motoristas têm mais opções de caminho alternativo, se tiver um problema em um cruzamento, há opções. Aqui não, se tirar a rótula e tiver um problema em um semáforo, para tudo. Vejo que a rótula não é ruim para a configuração do planejamento adotado para Palmas, pelo contrário, é a situação ideal, pois as quadras são superquadras, são 700 metros de um cruzamento a outro. Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, eu não tenho essa distância de 700 de uma quadra a outra, tem sete a oito quadras de 100 metros, então são setes opções de desvio de trânsito, caso um semáforo tenha problema. Aqui eu não tenho, se eu tiver um problema, no caso de semáforo, eu fecharia quatro quadras.
Em Palmas temos problemas pontuais que poderiam, ou que se planeja utilizar o conceito de acupuntura urbana?
A acupuntura Urbana funciona bem no conceito de que a cidade é um organismo vivo, como o corpo humano. Então você interfere em um ponto aqui, para fazer efeito em outro lugar. Quando você constrói um ginásio esportivo e influencia a orla, porque as pessoas vão até o ginásio pela orla, um ponto acaba influenciando no lado oposto da cidade. É exatamente nisso que a gente está planejando.
Isso pode funcionar com a descentralização de serviços, por exemplo, com a mudança de deslocamento da população também. Nós estamos trabalhando nisso, criando polos de trabalho, parques, que vão influenciar outras regiões. Estamos estudando com o córrego Machado, por exemplo, consolidando aquele Parque que pode mudar a realidade daquela região. No momento que você tem a mobilidade, a ciclovia integrada ao transporte, isso é compartilhado com a cidade inteira, eu crio conexão.
O Transporte, a acessibilidade e a mobilidade são um dos problemas de Palmas, o que temos planejado para estas questões?
Eu acho que é nesta área que vai ter uma diferenciação da cidade de Palmas em relação a outras cidades, de for realizado o que se está planejado. Eu acho que esta é a vontade do prefeito. No momento em que se conseguir trazer para o sistema de transporte e mobilidade, a conexão entre o sul e o norte, com o centro, com as áreas de geração de emprego, o aeroporto, o distrito industrial, a rodoviária, vai ser o diferencial.
A experiência que eu tenho de Curitiba, olhando e trabalhando nesse projeto de Palmas, eu posso afirmar que o sistema daqui, se implantado, vai ser melhor do que o de Curitiba, do que o sistema de Bogotá, que muito se fala. A gente parte do zero para chegar lá em cima, no topo.
É o mínimo que uma cidade planejada, de 25 anos, que nasceu para ser Capital merece, não pode se contentar por menos. Eu acho inadmissível, uma cidade moderna, planejada para tal, está abaixo de uma cidade de 300 anos, que teria todos os problemas para implantar um sistema de transporte, uma cidade de 20 anos, não pode ter um sistema pior. É mais fácil para implantar um sistema melhor.
Quais as bases do sistema que está planejado para Palmas?
Além da integração, quando a gente fala em transporte urbano, é a visão do que é transporte. O melhor sistema não é especificamente aquele do ônibus, do VLT, ou do metrô, o melhor sistema é aquele que contempla todos os tipos em uma rede só. Ou seja, aquele que o proprietário do carro, possa optar qual o sistema de transporte que ele quer usar, porque a qualidade do transporte é boa.
É essa multimodalidade do transporte que é o ideal, para que a pessoa possa sair de bicicleta do Taquari até um terminal de ônibus, pegar o coletivo ir até o centro, e depois retornar e pegar sua bicicleta. Oferecer o máximo de opções de transporte, de forma integrada. Essa flexibilidade, essa condição de cidade, para que não fique insustentável quando tiver 01 milhão de habitantes.
Nos terminais, se tiver alguns serviços públicos essenciais, melhor ainda, porque a referência da cidade acaba sendo o transporte, se eu tenho uma farmácia no terminal, fica mais fácil. Em uma campanha de vacinação, poderá ser divulgada nos ônibus, a vacinação pode ser nos terminais. A acessibilidade fica mais fácil, facilita a comunicação, a integração. Quando você usa essa rede de transporte para a cidade, começa a ter o sentimento de pertinência, de pertencimento, de cuidar do bem público.
Palmas foi planejada como Capital Ecológica, nós temos potencial para essa vocação ser seguida?
Sim, nosso potencial, enquanto Capital é um dos maiores, até pelo exemplo da cidade, Palmas já nasce com essa obrigação de ser sustentável, ser ecológica. É isso que eu estava falando da população, que trás os costumes de suas cidades. A sustentabilidade é aplicada com o envolvimento do cidadão.
A população tem que ser educada para isso. A cuidar do lixo, carregar seu lixo na mão até achar uma lixeira, não tocar fogo. A acessibilidade, a calçada, ela tem que ser construída para todos, hoje um cadeirante não consegue andar na calçada. Uma cidade de 24 anos já deveria todo mundo ter feito suas calçadas com acessibilidade. Mas a cultura é a de origem, o comerciante pensa que a calçada dele, é a rampa de acesso para a entrada do seu comércio, ele não faz a calçada para o pedestre, como se fosse dele, não é, é da população. Tem que ter uma reeducação dos moradores.
E no âmbito do Poder Público?
No âmbito do poder público, ele precisa dar condições minímas de acessibilidade e mobilidade. É muito comum o empresário ao fazer um empreendimento, que não respeite essas questões. Isso existe no próprio seguimento da arquitetura, é muito comum o arquiteto fazer o projeto de um edifício que ele só pense na entrada do seu edifício, é bom para o empreendimento, mas ele não pensa na cidade. É o caso, por exemplo, de acessos da garagem, que aparece com 20 metros de largura, a calçada vira uma rua de acesso ao prédio.
O arquiteto não tem que pensar só no empreendimento, a partir do alinhamento permitido, ele tem que pensar na cidade, no cidadão. Isso também faz parte de uma ética profissional. A gente tem que exigir uma postura de quem projeta.
Nessa questão, falta uma visão humanística nos arquitetos, projetar para gente, no lugar de projetar para grandes empreendimentos, para a beleza arquitetônica?
É o que eu costumo dizer que é a diferença entre o arquiteto e o urbanista, o urbanista tem mais essa visão humanística, ele tem uma visão mais fora do parâmetro da habitação, para a rua, a calçada. Eu acho que na arquitetura, na faculdade, eu digo, talvez a questão urbanística não é bem aprofundada, todos os arquitetos deveriam ter um aprofundamento maior. Eu mesmo tive essa dificuldade. Na faculdade a gente aprende muito a projetar, mas na parte urbana falta vivência.
Nesse sentido, falta integração entre a universidade e a cidade no desenvolvimento de soluções urbanas?
Eu achoo que falta, eu senti isso lá em Curitiba também, não é só aqui, eu acho que falta aquela sinergia entre uma e outra. Muitas vezes a questão acadêmica está lá no seu quadradinho, e na área operacional, a cidade não é assim, algo que em dois meses se começa e se termina. A cidade é uma obra inacabada, ela é uma sinfonia inacabada, vai está sempre sendo aprimorada.
A Universidade é muito quadradinha, com começo, meio e fim. Mas na cidade ela não deveria ser assim, deveria participar mais, e não se restringir a cidade em que está, ir para outras cidades, que precisam muito mais. Até para que o aluno viva mais isso, abrir o campo para o futuro profissional, pelo menos assim, o profissional se forma com melhores condições, com referências.
Para quem vai fazer uma intervenção urbana, existe uma questão essencial que o senhor recomenda, qual é o ponto de partida?
Eu acho que o urbanista tem que ter uma sinergia com todas as outras áreas, enxergar a parte social, ambiental, os serviços públicos, áreas que ás vezes o arquiteto não gosta, mas é essencial. Outra é a questão socioeconômica.
Muitas vezes quando o arquiteto planeja uma quadra, ele só enxerga aquela quadra, a parte dele, ele não vê o todo, se aquela quadra, ou conjunto vai influenciar no seu entorno, de forma negativa ou positiva. Não existe, por exemplo, repetir um projeto de uma cidade em outra, cada uma tem suas particularidades, que precisam ser observadas.
Quando om senhor fala na questão social, o urbanista pensa nessa questão socioeconômica?
Você tem que pensar na questão das diferenças sociais, o urbanista tem que pensar na redução da desigualdade socioeconômica.
Muitas vezes o empreendedor, o projetista torce o nariz para empreendimentos de maior poder aquisitivo perto de áreas de baixa renda. Mas para o urbanismo isso é essencial, porque eu tenho que fazer pessoas que irão trabalhar nessas áreas se deslocarem da periferia, se eu poderia diminuir esse deslocamento?
A cidade que conseguir fazer isso de forma integrada, ela vai conseguir distribuir melhor a renda, vai ter melhor qualidade de vida não vai formar guetos de faixa de renda. Quando você consegue fazer isso no urbanismo, a população percebe a melhoria. Um exemplo é quando a gente constrói um parque de boa qualidade em uma área deteriorada, é aí que falamos em acupuntura urbana, aquilo fica chique até para quem tem dinheiro, melhora a região. É como o museu de Bilbao, que hoje é referência no mundo inteiro, ali era uma área degradada que transformou a região.
O que lhe surpreendeu em Palmas?
Negativamente me surpreendeu muito foram essas áreas desagregadas da cidade, muitos vazios urbanos. Isso a gente sabe que ocasiona muitos problemas, muitos recursos públicos para os serviços. Os serviços públicos acabam deficitários, como o transporte, por que não dá retorno, é difícil corrigir o que já foi criado, a gente precisa pelo menos conter, e potencializar o que já existe.
Positivamente a cidade é muito boa, a população é muito agradável, precisa apenas se apropriar mais da cidade. E tem os recursos naturais, que são muitos, acho que a cidade tem tudo para ser uma das melhores do País. A gente tem que trabalhar para isso, tem que ser uma ideia compartilhada, não só esperar de quem projeta, tem que existir uma vontade da sociedade.
Como evitar que as questões políticas influenciem no planejamento urbano, que é uma questão de longa data?
Eu acho que passa justamente por essa questão da sociedade, da população ter essa consciência, ter uma identidade da cidade, se apropriar. Se ela entender que a cidade não é de uma pessoa, que “eu não estou fazendo administração da cidade para mim” que ela também está sendo construída para o futuro, ela não vai deixar que mudem o planejamento não vai deixar acabar com o órgão de planejamento, só pela vontade do gestor.
Uma área que hoje é vista como sem uso, que só tem mato, pode está destinada para praças e parques, onde o idoso vai fazer sua caminhada, vai ter sua academia ao ar livre. O planejamento pode ser chato, porque não pensa só no agora, têm que pensar daqui há 20, 40 anos, quando a cidade tiver 02 milhões de habitantes, quais serão os espaços públicos, tem que ter áreas para isso.